quarta-feira, 16 de abril de 2008

Quanto mais verdade, menos verdade

Parto da mesma visão de Górgias sobre a Verdade: é única e absoluta e jamais poderá ser alcançada pelo Homem em vida. Tudo que temos no mundo são diferentes opiniões melhor ou pior fundamentadas, e assim, mais ou menos convincentes.

O mundo vive em constante transformação, e desta forma constantemente transforma suas “verdades fragmentadas”. Chamo de verdade fragmentada a opinião de qualquer indivíduo. Uma vez que expressa um ponto de vista, o indivíduo assume este modo de ver o mundo, esta opinião, como verdadeiro. Assim, cada indivíduo da sociedade é uma fonte de verdade relativa em relação ao mundo/universo, e é, ao mesmo tempo uma fonte de verdade absoluta para si mesmo. A Verdade sofre uma fragmentação não real, uma vez que se juntarmos as partes não equivaleria ao todo.

Cada revolução nos meios de comunicação traz uma nova técnica e um novo modo de ver e pensar o mundo. Traz um recorte da realidade já interpretado e cheio de pré-conceitos e pré-opiniões, que torna totalmente parcial o tipo de informação que será não apenas transmitida, mas também projetada nos indivíduos.

Quanto mais técnicas houver, mais opções de abordagens o indivíduo terá para escolher como forma de se posicionar e ser representado perante a sociedade. Com isso, o advento de novos meios de comunicação torna mais democrático o pertencer ideológico e abre espaço para maior participação das pessoas. Há uma multiplicação de receptores que também são fontes de opinião, logo, há uma multiplicação de verdades fragmentadas.

Conclusão: se a Verdade é uma só, e quanto mais técnicas há mais pontos de vista, mais opiniões e conseqüentes mais verdades fragmentadas, quanto mais evoluirmos no campo tecnológico das comunicações e mais plurais, diversificadas e democráticas forem as verdade fragmentadas, mais distantes estaremos da verdade absoluta.


Aline Simone Erédia
Nº USP 5649170

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