segunda-feira, 14 de abril de 2008

Nós somos a idéia

Platão acreditava que a verdade estava no mundo das idéias, e que nossa alma possuía todo o conhecimento, vindo deste mundo. Quando dentro do corpo, a alma era de tal forma rebaixada, aprisionada, que "se esquecia" do que sabia. Tal situação forçava o homem a exercitar a parte mais nobre de sua alma, a fim de recuperar seu conhecimento.

O filme Pontos de vista mostra uma situação interessante. Ao vermos a história pela câmera que acompanha um personagem específico, temos sempre uma diversidade de dúvidas, incertezas e lacunas. Tais lacunas só são preenchidas quando somamos as experiências dos personagens, em repetidas visões da "mesma" história.

Tal constatação, de que apenas atingimos a verdade após vivenciar todos os pontos de vista, ou melhor, todas as experiências sensoriais, permite que afirmemos que nenhum dos personagens conhece a verdade, porque nenhum teve a oportunidade que nós, espectadores, tivemos, de estar no mundo das idéias que é a visão do diretor. Um plano superior, atemporal, onipresente, que viu e mostrou tudo.

Neste caso, a alma no filme seria a investigação impetrada pelo personagem de Dennis Quaid, que é o personagem que mais se esclarece sobre a conspiração, a ponto de salvar o presidente no final da história. Através da investigação, Quaid se eleva aos outros personagens conforme vai esclarecendo a situação.

Desta forma, temos um cenário potencialmente platônico no filme "Pontos de Vista".

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